Ainda sobre o Patient Experience Summit, realizado pela Clevelad Clinic de 15 a 18 de maio de 2016, em Cleveland, nos Estados Unidos, tive a oportunidade de assistir o Dr. Toby Cosgrove, CEO da Cleveland Clinic, falando sobre – “A Experiência do Paciente – Presente, Passado e Futuro”.
Ele citou que a experiência do paciente é uma jornada e que a qualidade dos cuidados de saúde é pautada em três questões:. A experiência clínica, a experiência do médico e experiência emocional.
Ele acredita ainda, que onde temos a maior oportunidade de melhorar, é na experiência emocional, pois muitas vezes os pacientes chegam aterrorizados ao hospital e desejam apenas ser tratados com carinho e cuidado.
Porém o stress do dia-a-dia deste ambiente, faz com que muitas vezes a equipe se distancie dessa realidade, e aí o paciente se torna somente mais um, mais um número, mais um atendimento, mais uma patologia, etc…
A experiência do paciente é algo amplo e não diz respeito só ao paciente, diz respeito também a equipe. Devemos cuidar de quem cuida, para garantir que todos tenham uma boa experiência.
A Cleveland Clinic tem um Programa chamado “Code Lavender” que é oferecido aos pacientes, familiares e cuidadores (equipe assistencial).
Eles tem em sua equipe um capelão que visita os andares e percebe o nível de stress da equipe para endereçar os cuidados necessários a cada um (equipe, pacientes e familiares).
São tratamentos holísticos para eventos emocionais, com terapias de toque, reiki, terapias manuais, incluindo massagens e reflexologia, aromaterapia, música, arte terapia, acupuntura, além de apoio emocional e espiritual.
Vale ressaltar que esse apoio espiritual de forma alguma tem haver com crença religiosa.
O Beryl Institute produziu um artigo sobre o “Papel crítico da Espiritualidade na Experiência do Paciente” entrevistando alguns profissionais da área para explorar essa questão.
O fato é que precisamos olhar de forma ampla para os valores, esperanças, preocupações e medos que acompanham um indivíduo em uma jornada de cuidado.
No artigo foi citado o efeito positivo da assistência espiritual para os doentes e as famílias, mostrando correlações significativas entre as visitas do capelão que ajudam os pacientes a alinharem os seus planos de cuidados com seus valores e promoverem uma cultura de respeito e dignidade, além de uma melhor satisfação do paciente, reduzindo a utilização de cuidados agressivos no final do vida.
Os pacientes são mais do que uma doença ou um corpo, eles possuem crenças e valores que não devem ser esquecidos no processo de cuidar, isso é a atenção centrada no paciente.
Portanto, o cuidado espiritual pode e deve ser disponibilizado aos pacientes, a família e profissionais de saúde que lidam com os desafios de uma saúde estressante num ambiente impulsionado muitas vezes sobre a doença e a perda.
Colocar o paciente no centro da experiência é primordial, elevando o diálogo sobre não apenas o corpo, mas a mente e o espírito, transformando a vida das pessoas ou até mesmo o que ainda “resta” dela.
No cenário brasileiro, temos um longo caminho a trilhar!